Fadiga e o excesso de ruído no ambiente de trabalho

Pesquisadores já identificaram que a fadiga física e mental contribui de forma significativa para a redução de desempenho das atividades de trabalho. Além disso, esse é um problema complexo, pois causa impactos negativos na vida dos profissionais, tantos pelos danos que pode causar à sua saúde e como pelos efeitos refletidos nos processos produtivos.

A fadiga pode ser gerada a partir de situações de cansaço físico e mental, além de sofrer influências de situações emocionais. As situações geradoras de fadiga podem ser operacionais e/ou individuais.

No caso das situações operacionais, inclui atributos como ambiente, ergonomia e ruído. Já as situações individuais abrangem fatores fisiológicos (saúde, condicionamento físico, sono e alimentação), fatores psicológicos (motivação, problemas sociais) e fatores profissionais.

A fadiga no ambiente de trabalho pode ser vista também como um fator de risco, por aumentar as ocorrências de erros e influenciar em acidentes pela redução das habilidades de processamento de informações em situações perigosas e pela dificuldade de respostas em situações difíceis.

Fadiga relacionada aos ambientes ruidosos

A relação da fadiga e o desempenho de profissionais em ambientes ruidosos vêm sendo estudada por diversos campos da ciência. O elevado nível de ruído, além de prejudicar a vida, saúde e bem estar dos profissionais, também pode degradar a capacidade de desenvolver suas atividades laborais com segurança, eficiência e eficácia, favorecendo assim, a redução de desempenho, a ocorrência de erros, dificuldade de comunicação e acidentes de trabalho.

O excesso de ruído aumenta a probabilidade de fadiga no ser humano por trazer quadros de nervosismo, estresse, alteração de atividades cardiovasculares e hormonais. Pessoas expostas ao ruído médio de 55 a 65 dB têm maiores probabilidades de desenvolverem problemas de hipertensão, sendo que se expostas a 60 ou 65 dB, a chance pode subir 120%.

Outra ocorrência é o zumbido que também reduz a qualidade de vida do ser humano, seu rendimento profissional, capacidade de concentração e comunicação devido à fadiga.

Por isso, oferecer às pessoas informações sobre os riscos relacionados à exposição ao ruído é essencial para que os prejuízos não sejam negligenciados e a saúde seja preservada.

A desatenção e a irritabilidade, fatores relacionados à fadiga, e potencializados pela alta exposição ao ruído, podem fazer com que o indivíduo não seja capaz de realizar suas atividades com a habilidade requerida, aumentando os riscos de acidentes.

O tom de voz normal do ser humano varia entre 50 e 55 dB a um metro de distância. Para que haja inteligibilidade e compreensão da fala, é necessário que o tom de voz esteja entre 10 e 15 dB acima do ruído de fundo de maneira que um dos efeitos do elevado nível de ruído no ambiente de trabalho é a dificuldade e falhas de comunicação.

Por exemplo, em um ambiente com o ruído de fundo de 60 dB, relativamente silencioso para os padrões industriais brasileiros, a boa comunicação entre as pessoas se dará caso consigam falar a cerca de 70 a 75 dB, cerca de 20 dB acima do normal, o que não se consegue fazer por muito tempo.

Essa condição impacta negativamente o no dia a dia do profissional, pois interfere na comunicação, nas transmissões de tarefas e em atividades em equipe. Dessa forma, aumentam-se as possibilidades de ocorrência de erros nos processos produtivos e de liderança.

Na Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional é possível acessar uma pesquisa realizada com profissionais de um centro de manutenção aeronáutico expostos a elevados níveis de ruído.

Os resultados obtidos identificaram profissionais que relataram sentir-se irritados com frequência, sentir dores de cabeça, dificuldades de concentração, ouvir zumbido após o horário de trabalho e apresentar problemas auditivos. Os problemas auditivos foram mais frequentes de acordo com o aumento da idade dos profissionais e o tempo que o mesmo trabalha na atividade.


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Prof. Dr. Luiz Antonio P. F. de Brito

Prof. Dr. Luiz Antonio Brito, é membro titular do Instituto Brasileiro de Avaliação e Perícias em Engenharia, IBAPE, e Profissional certificado pela Sociedade Brasileira de Acústica, SOBRAC, Diretor da Acústica Aplicada, que é uma empresa especializada em análise e controle da propagação do ruído e vibração no meio ambiente, acústica arquitetônica e ambientes fabris. Executa laudos e perícias seguindo as determinações do CONAMA. ✉ brito@acusticaaplicada.net

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